Por Luiz Tito
Fotos : Luiz Tito
Parar na banca de Leno Gomes de Jesus, localizada em uma das calçadas da rua J. J Seabra, próximo ao prédio do antigo Banco Bamerindus, no Centro de Feira de Santana, é iniciar uma verdadeira viagem ao mundo musical. Só que tem uma diferença: nos tempos do vinil. Um passado não muito distante, mas que na velocidade das tecnologias, da era digital, parece estar mais longe do que se apresenta.
O espaço de “Leno Baiano” é tomado por velhos e conservados LPS, relíquias que fazem os olhos dos clientes brilharem, diante de uma mina, em que vale a pesquisa musical para se chegar a grandes descobertas musicais. Alguns remetendo aos clientes histórias de vida do passado, afinal, a música tem o poder de nos levar a lugares onde as palavras jamais chegariam.
São compactos, daqueles onde se gravava uma música de cada lado, discos coloridos, uma extensa coleção de diversos gêneros musicais. Entre outros, Gonzagão e Raul Seixas são os cartões de visitas. “Tem discos que saíram daqui e que estão espalhados no mundo”, diz orgulhosamente o também compositor.
Em um breve bate papo com o Digaí Feira, em meio a um acervo com cerca de 500 exemplares, o colecionador surpreende ao saber todos os nomes dos artistas e a localização exata do disco solicitado pela nossa reportagem. No local encontramos o que nem se sonha mais existir no mercado. São gêneros musicais para todos os gostos. Para os jovens e para os adultos. “Chega pra banca!”, convoca Leno Baiano.O compositor pontua que exerce essa atividade desde dos anos 80, mas afirma que na década de 90, a procura teve uma grande queda, já que, ocorreu a migração em massa para os DVDS. Hoje os vinis voltam a tomar seu espaço, está em uma crescente, desenvolvendo e consequentemente temos vendido bastante. “Muitas pessoas que desfizeram dos seus exemplares, hoje voltam a comprar e estão revivendo histórias dos seus passados”.
Segundo Leno, que tem um canal no Youtube (Leno Gomes), muitos jovens procuram na banca MPB para trabalhos de pesquisas acadêmicas, passam a gostar e votam a procura de outros gêneros musicais como: o Reggae, Bossa Nova, Rock, Jazz, Blues, entre outros. “Tenho conseguido atender às solicitações”.
Carlos PittaLeno afirma que os valores variam de acordo com o artista. “Temos muitas pérolas preciosas na banca, e Gonzagão e Raul Seixas são umas delas, mas, essa semana fui surpreendido por uma senhora que adquiriu um disco de Carlos Pitta por R$500,00 (quinhentos reais)”.
“Lamentavelmente , Pitta morreu no último dia 7. No dia seguinte, uma senhora chegou aqui na banca procurando o exemplar “Águas do São Francisco”, um disco raro, e eu tinha. Negociamos o preço e ela saiu feliz e realizada”.
Leno fala de Pitta cheio de emoção, “um grande artista, um grande cantor, eles nos deixou um legado bom, infelizmente Deus o levou, mas deixou um legado que a gente prestigia e valoriza muito o trabalho e a cultura enraizada entre nós”.
