
Manifestação contra cassação do prefeito Mardes Monteiro na Câmara de Vereadores em 2010 se transforma em “campo de batalha”, mas a atitude de um PM da CIPE-Cacaueira ao amparar uma idosa em meio ao caos emociona.
A cidade de Buerarema, no sul da Bahia, viveu um dia de intensa tensão e vandalismo em 28 de maio de 2010. Mais de mil moradores promoveram um grande quebra-quebra na Câmara de Vereadores em protesto contra a decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) que resultou na cassação do registro de candidatura e, consequentemente, na retirada do petista Mardes Monteiro do cargo de prefeito.
A manifestação se tornou violenta: móveis da Câmara foram atirados pela janela, pneus foram queimados na rua, e o patrimônio público foi destruído. O centro da cidade se transformou em um verdadeiro “palco de guerra” entre manifestantes e policiais, que foram acionados para tentar conter a desordem, exacerbando o clima de insegurança.
O retorno e a nova cassação do prefeito
A indignação popular decorreu do longo e tumultuado processo político que envolvia o prefeito. Mardes Monteiro já havia sido cassado anteriormente, em junho do ano anterior, mas reassumira o cargo em 16 de maio de 2010. Seu retorno se deu após uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de março de 2010 que determinou que o processo voltasse ao início para que fosse reavaliada a veracidade de um ato legislativo que havia julgado suas contas irregulares.
Com a nova decisão do TRE, que cassou definitivamente seu registro, a população que o apoiava reagiu de forma drástica, manifestando-se com violência e destruição contra o que consideravam uma arbitrariedade política, após 11 meses de gestão interina do vereador Eudes Bonfim.
Humanidade por trás da armadura
No auge do confronto, em meio ao tumulto e à confusão do “campo de guerra” urbano, uma cena de sensibilidade humana chamou a atenção. Uma idosa, visivelmente perdida e assustada no meio da multidão, foi amparada por um policial. Um militar da Companhia Independente de Policiamento Especializado – Cacaueira (CIPE-CACAUEIRA), vestindo seu equipamento de proteção completo, conduziu gentilmente a senhora pela rua, retirando-a da área de risco, até a porta de sua casa.
O momento, que poderia ter passado despercebido em meio à cobertura da violência, foi magistralmente registrado pelo repórter fotográfico Luiz Tito do Jornal A Tarde. “Por trás das armaduras desse policial há um ser humano”, declarou o profissional, eternizando o contraste entre a dureza do caos e o ato de compaixão e dever cívico.





