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terça-feira, 8 outubro, 24
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Trio participa diariamente de velórios alheios em Feira de Santana

Segundo o Google, carpideira é uma profissional feminina cuja função consiste em chorar para um defunto alheio. É feito um acordo monetário entre a carpideira e os familiares do defunto, após esse acordo financeiro a carpideira chora e mostra seus prantos sem nenhum sentimento, grau de parentesco ou amizade.

Há mais de 2 mil anos mencionada na Bíblia e em outros textos religiosos, a ocupação é amplamente invocada e explorada na literatura, desde os épicos ugaríticos do início dos séculos AC à poesia moderna. Em Feira de Santana há quem desenvolva esse papel em parte: Eles não são pagos, não externam sentimentos de dores, apenas curiosidades e os motivos para tais comportamentos são desconhecidos.

De segunda a segunda, chova ou faça sol, basta chegar ao Centro de Velório Gilson Macêdo, localizado na rua Arnold Silva, no bairro Kalilândia, em Feira de Santana, e lá está uma senhora de nome Deuzuita, um homem conhecido como Zé e um rapaz com deficiência auditiva visitando todas as salas que tenham um corpo sendo velado.

Se na história a atividade é exclusivamente realizada por mulheres, já que os homens eram considerados impróprios para isso porque deveriam ser fortes e líderes da família, não dispostos a mostrar qualquer tipo de emoção crua como a tristeza, na Princesa do Sertão, Zé e o jovem com deficiência quebram essa tradição.

Segundo a administradora do Centro, Marly Bispo, na verdade são quatro pessoas com esse comportamento, porém, um terceiro homem só vai ao local em busca de tomar um cafezinho e comer um pão.” Respeitosamente ele observa de fora o movimento de familiares nos velórios e logo vai embora”.

Marly informou que os rapazes e dona Deuzuita participam ativamente dos velórios. “Aqui são seis salas e eles participam de todas as sentinelas que acontecem nos locais. Dona Deuzuita diz ser parente de quem morreu. O rapaz sempre se dispõem a ajudar e o Zé já chega perguntando, tia! hoje tem? É homem ou mulher?”, informou.

Marly não sabe definir o que leva esse trio a ter esse comportamento. “Sei que é algo anormal. Trabalho aqui há seis anos, e exatamente há três anos eles frequentam esse espaço. Mesmo sem lágrimas, estão sempre compartilhando dores e sofrimentos alheios”.

O homem citado por Marly, que seria a quarta pessoa a visitar diariamente o local é Andreval Bispo dos Santos, 44 anos, ele trabalha de flanelinha em frente ao Centro de Velório e conhece os três outros citados. “Trabalho aqui de segunda a segunda, e todos os dias eles estão aqui participando dos velórios de desconhecidos”.

Andreval flanelinha

Andreval disse que só vai lá dentro quando alguém busca informações da identidade do corpo que está sendo velado. “Faço isso por solidariedade. “Na minha humilde opinião, eles se sentem solitários em seus lares e preenchem essa solidão aqui nos velórios, já que aqui nunca falta solidariedade e respeito ao próximo. Aqui são todos iguais”, definiu o flanelinha.

Texto e fotos: Luiz Tito

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