A arte poderosa e fascinante do fotojornalismo, que escreve histórias através da luz e captura emoções para a eternidade, foi a ferramenta utilizada por Luiz V Tito para registrar um episódio de brutalidade no Extremo Sul da Bahia em 2002. Na época, como repórter fotográfico do jornal A Tarde na sucursal de Eunápolis, ele expôs seu talento ao documentar uma visão extraordinária e atroz da contemporaneidade, que o levou a ser o vencedor do mês de outubro daquele ano no prêmio de melhor fotografia da Associação Baiana de Imprensa (ABI).
Conflito e Violência Política em Itamaraju
O clique premiado flagrou as agressões e espancamentos sofridos por representantes do MST (Movimento dos Sem Terra) em Itamaraju, um importante reduto do movimento na Bahia. A violência ocorreu durante a visita de uma comitiva do então ex-senador Antônio Carlos Magalhães (ACM), que celebrava o aniversário da cidade. Naquela tarde ensolarada, a praça central estava lotada não apenas por simpatizantes do ‘Carlismo’, mas também por militantes Sem Terra que se manifestavam. Contudo, em vez de terem suas reivindicações ouvidas, os ativistas foram alvo de xingamentos do próprio ACM e de agressões impiedosas de seus possíveis asseclas, que usaram a força brutal para reprimir a liberdade de manifestação.
Superando a Agressão e Fazendo História
Em meio ao caos, e mesmo sem o recurso de uma lente teleobjetiva, o fotógrafo demonstrou sensibilidade e perspicácia. Foi nesse momento crucial, e logo após ter sido covardemente agredido com um soco por um segurança do político — a ponto de ter o rosto ensanguentado —, que Luiz Tito vislumbrou e clicou o fato histórico. Contido por policiais após reagir ao ataque, a foto, mesmo levemente tremida, cumpriu seu papel: garantiu uma página inteira no jornal (texto e foto, já que o repórter de texto estava ausente) e, posteriormente, a consagração no prêmio da ABI, servindo como um documento contundente da história local.
