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Professor! Afinal, que SER HUMANO é esse?

*Escrito por Pedro Torres e Professor Carlos Alberto

Todos os anos no dia 15 de outubro, um dia antes ou depois, é comum recebermos uma enxurrada de mensagens, sobretudo, via whatssapp, em tempos mais modernos, parabenizando-nos pelo dia dedicado ao professor. Algumas dessas mensagens são mais longas, outras nem tanto, mas todas elas fazem jus e merecem nossa atenção, pois sabemos são carregadas de carinho e respeito. Deferência que, em muitos casos, não tem sido tão utilizada ultimamente na relação professor – aluno – professor; ou mesmo, classe patronal – professor.

Dentre as muitas mensagens recebidas nesta terça-feira (15), uma delas, de autoria desconhecida e com adaptações nossas, diz “Feliz dia para aquele(a) que, algumas vezes, leva a culpa pelo que dá errado na educação; e noutras vezes não é reconhecido(a) como deveria quando tudo dá certo. Parabéns, PROFESSOR(A)!” Noutra mensagem, que tratava sobre “a importância do professor”, escreveu o autor, Vitor Henrique Paro, “Dizem que o professor é importante porque forma o engenheiro, o advogado, o médico, o arquiteto…” e segue a mensagem.

Nesta mensagem, Paro, que é professor titular (colaborador sênior) da Faculdade de Educação da USP, questiona, por que considerar a importância do professor por formar outras profissões. Diz Paro “Não haverá aí certa hipocrisia, querendo dizer que o professor só é bom por que forma esses profissionais, e esses sim é que são importantes?“ A importância do professor “tem a ver com o humano-histórico em toda sua integralidade”, diz o professor Vitor.

Ou seja, o trabalho do professor deve ser visto como importante pelo que ele representa para a humanidade, para além da “simples” formação deste/a ou daquele/a profissional. Acrescenta Paro que o professor é a verdadeira ponte “entre a barbárie e a civilização, ou, mais que isso, entre a selvageria e a história. É isso que compõe a sua dignidade”.

Para Paulo Freire “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”. Já o filósofo, escritor, educador, palestrante e professor universitário brasileiro, Cortella, o professor “é aquele(a) que partilha o que sabe, procura o que não sabe, pratica o que ensina, pergunta o que ignora e vai em busca daquilo que é a capacidade de não ser exclusivo”. Em outras palavras, o professor não deve se considerar um ser perfeito, construído, ter métodos fechados, tornar-se impermeável e alegar que os alunos não resistem ao seu modo de ensinar,

Mas afinal, para que Dia do professor? É dia de ser lembrado? Comemorar? Muito pouco, responderíamos de imediato. A dignidade do ser professor, o abraçar de uma nobre profissão, ainda que alguns não resistam a tal nobreza, a tal privilégio ou o desfrutar de tamanha vocação. Sem querer romantizar.

Até porque segundo dados de pesquisa inédita Perfil e Desafios dos Professores da Educação Básica no Brasil, divulgada em maio do ano corrente pelo Instituto Semesp “oito em cada dez professores da educação básica já pensaram em desistir da carreira”. Entre os motivos estão o “baixo retorno financeiro, a falta de reconhecimento profissional, a carga horária excessiva e a falta de interesse dos alunos”. Acrescentamos aí péssimas condições de trabalho, salas de aulas lotadas, falta de – infraestrutura físico-logística, material didático e humano, incentivo à qualificação profissional -, e desrespeito às normas estabelecidas sobre o assunto, enfim.

Em janeiro pp, foi sancionada pelo presidente da República a Lei 14.817, que institui diretrizes para valorização dos profissionais da educação básica pública. A norma estabelece plano de carreira, formação continuada e condições de trabalho para professores, diretores, inspetores e técnicos. A Lei determina que as escolas públicas devem oferecer um plano de carreira que estimule o desenvolvimento profissional em benefício da qualidade da educação, além de ser ofertada uma formação continuada voltada à atualização dos profissionais e condições de trabalho que favoreçam o processo educativo. Entre tantas outras normas estabelecidas.

Enquanto isso, na Bahia, segundo noticiado em outubro de 2023, por https://planaltoempauta.com.br/ “mais de 29 mil professores aposentados e professores na ativa recebem menos do que o piso”. Naquele ano a Portaria determinava a atualização do valor do Piso Salarial Profissional Nacional do magistério público da educação básica em R$ 4.420,55. Nesta quarta-feira, 16, matéria veiculada no https://www.correio24horas.com.br/ dão conta que “Professores aposentados deixaram de receber até R$ 27 mil por ano na Bahia”.

De acordo com a notícia, e segundo a Associação Classistas de Educação e Esporte da Bahia (Aceb), “cerca de 27 mil professores estaduais aposentados e na ativa na Bahia estão recebendo menos que o piso salarial da categoria que é de R$ 4.580,57”. A Associação afirma que legislação que determina o salário base dos professores é de 2008 e ”A entidade está recorrendo à justiça para conseguir a reparação, outros profissionais estão contratando advogados particulares para fazer valer a lei e um plano de carreiras está em discussão com o Governo do Estado”.

Para não citarmos outros exemplos de desrespeito ao professor, pois sabemos que todos estes maus tratos são extensivos às demais unidades da Federação e aos demais Poderes Executivos. O professor, que para muitos, é Maestro de uma grande engrenagem chamada educação, é pouco, muito pouco reconhecido por muitos governantes, que não valorizam tal profissão. Exceto em campanhas políticas como agora em 2024, por ocasião das eleições municipais Brasil afora. E assim segue.

Para não finalizar, é necessário dizer que Professor é um SER HUMANO que exerce algumas atividades as quais não podem e não devem ser mensuradas pura e simplesmente pelas horas-aulas dentro de uma sala, de um laboratório, de um campo experimental ou coisa que o valha. É muito mais do que isso. E sobre o dia 15 de outubro, dia do Professor? Este deve ser o dia do grito, da luta, da resistência […] por reconhecimento e respeito, sobretudo. Afinal, como diz Paulo Freire:

“Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”. De nossa parte, dizemos Parabéns, PROFESSOR(A)! Ontem, hoje e sempre.

*Carlos Alberto S. Santos* – Professor, Radialista e Mestre de Cerimônias
*Pedro Torres Filho* – Engenheiro Agrônomo

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