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‘Ou somos evangélicos ou católicos’, diz arcebispo sobre presença de Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro (PL) foi recebido com aplausos e vaias em sua chegada ao Santuário Nacional de Aparecida (SP), na tarde desta quarta-feira, Dia de Nossa Senhora Aparecida.

A comitiva causou alvoroço dos fiéis em sua chegada ao ensaio dos cânticos, momentos antes do início da missa das 14h. Bolsonaro estava acompanhado, entre outros, de Tarcísio de Freitas (ex-ministro da Infraestrutura e candidato ao governo de São Paulo), o filho Eduardo Bolsonaro, Marcelo Queiroga (ministro da Saúde) e Marcos Pontes (Ex-ministro da Ciência e Tecnologia).

O padre Eduardo Ribeiro, coordenador da celebração, precisou pedir silêncio à plateia. Alguns apoiadores de Bolsonaro tentaram emplacar gritos de “mito”, em vão.

Ou evangélicos ou católicos

Em entrevista concedida após uma das missas da manhã, o arcebispo de Aparecida, dom Orlando Brandes, foi questionado sobre um possível uso eleitoral da presença de Bolsonaro nas celebrações do dia. Ele disse que iria receber o presidente “com todo o respeito”, mas cobrou “identidade religiosa” dos fiéis, sem citar o visitante.

— Eu não posso julgar as pessoas, mas nós precisamos ter um identidade religiosa. Ou somos evangélicos ou somos católicos — afirmou Brandes.

Em seguida, ele fez uma analogia bíblica sobre usar a Igreja Católica com “segundas intenções”, isto é, motivação eleitoral, mencionando que “quando os reis magos visitaram Jesus, não usaram da religião”.

— Há uma diferença entre buscar a verdade e buscar interesses. Nós temos um compromisso ético com a verdade. Mas a política caminha muito pelos caminhos ideológicos, que são caminhos de grupos e interesses pessoais — declarou.

As homílias de Dom Orlando Brandes têm sido marcadas por críticas. No ano passado, o arcebispo defendeu que “para ser pátria amada não pode ser pátria armada”. Bolsonaro rebateu a crítica no dia seguinte, e disse que respeitava a opinião do religioso, mas que antes “somente os marginais, os bandidos é que tinham arma de fogo” no Brasil, mas negou que Brandes tenha criticado a pauta do armamento da população.

Em 2020, Dom Orlando Brandes criticou a volta da impunidade e as queimadas em biomas como Amazônia e Pantanal. Em 2019, disse que a “direita é violenta e injusta”.

Mais cedo, Bolsonaro esteve em Belo Horizonte (MG). Ele discursou em um trio elétrico acompanhado do governador reeleito de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), do apóstolo Valdemiro Santiago, e de outros aliados e líderes religiosos. O presidente voltou a defender temas da pauta conservadora, reiterando ser contra a legalização de drogas, contra o aborto e contra o que costuma chamar de “ideologia de gênero nas escolas”.

CNBB condena uso da religião na campanha

No início da semana, a Arquidiocese de Aparecida divulgou uma nota informando que o presidente Jair Bolsonaro estaria presente em uma das missas programadas. O texto afirmava que a igreja iria organizar a visita de modo a “garantir que a rotina dos peregrinos não seja impactada”.

A nota acrescentava que também está prevista na agenda do presidente a participação em um Terço que seria rezado na praça em frente ao santuário, organizado pelo grupo de católicos, no mesmo horário da tradicional Consagração a Nossa Senhora Aparecida. No entanto, a agenda paralela não é de organização da arquidiocese.

A atuação de Bolsonaro nos calendários da igreja católica na tentativa de se apropriar politicamente das cerimônias tem causado forte incômodo na cúpula do episcopado. Ontem, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) condenou o uso político do tema na campanha eleitoral. Por meio de nota, a arquidiocese condenou o que chamou de “exploração da fé” para ganhar votos.

Fonte: O GLOBO.

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