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sábado, 18 maio, 24
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O que eu faria na Praça do Tropeiro se eu fosse prefeito?

A pergunta que dá título a este texto surgiu um dia de semana que o jornalista Jânio Rego convidou a mim e o doublé de Economista e Jornalista André Pomponet, a visitarmos o samba de roda na Praça do Tropeiro. Jânio nos perguntou e ficamos um olhando para o outro, sem ter a resposta, mesmo sabendo qual seria, ou pelo menos, o caminho para chegar a mesma.

O tempo passou e fui deixando para depois, outras demandas se colocavam à minha frente, afinal de contas, eu estava passando e ainda estou por uma transição que mais parece uma regressão, a voltar a cuidar da carreira acadêmica, tendo que ministrar uma nova disciplina na UEFS, pesquisar sobre transição energética e seu impacto no mundo dos transportes, enfim, a vida me tirando a militância política de linha de frente e me colocando num papel que sempre relutei em assumir, o de intelectual. Sempre morri de medo de perder a essência de luta das ruas, mas eu precisava escrever sobre a Praça do Tropeiro, devia isso a Jânio e devia ainda mais aos frequentadores e comerciantes do local, aos quais fiz amizades que certamente irão durar por toda vida. Ouvir deles o descaso dos governos municipais, nem um olhar, mesmo que seja de falsete, nem isso, os candidatos nem vão lá. Esgotos a céu aberto, lixo exposto, aquilo contempla uma cena de abandono, se não fosse por um fato crucial, a alegria que as pessoas ali se entregam à musica, os sorrisos nos rostos, os abraços a quem está ali pela primeira vez. São personagens que desfilam pelas rodas de samba, girando seus corpos em movimentos sincronizados, como a dizer para a vida, chegue devagar, estou a me divertir. São pessoas, em sua maioria, de baixa renda, Programas Sociais estão presentes em suas conversas, embebidas pela cerveja gelada de marca barata. Mas é para a cidade de Feira de Santana, um ambiente violento, puxa vida, onde não é? Se mata mais nas casas de entretenimento da Fraga Maia que na Praça do Tropeiro, mas o pobre sempre é o culpado pela violência. 

Foi nessa toada que em Salvador eu conheci o Samba de São Lazaro, a mesma alegria, o mesmo samba e com pitadas de mais tipos de samba, basta olhar o Instagram, do tevinosaolazaro e samba_sao_lazaro. Ali a gente tem a ideia do potencial muito maior da praça do tropeiro em Feira de Santana. 

A começar pela relação Tropeiro e Feira. O nome da praça homenageia a figura histórica do tropeiro, responsável pelo transporte de mercadorias e gado através das regiões e com passagem obrigatória pela Santana dos Olhos D’agua.

Os tropeiros desempenharam um papel crucial no desenvolvimento econômico e na integração da cidade, especialmente nas regiões mais remotas e de difícil acesso. Eles eram responsáveis pelo transporte de mercadorias, principalmente gado, entre diferentes locais, utilizando trilhas e estradas precárias.

Em relação a Feira de Santana, historicamente, a cidade desempenhou um papel importante como um ponto estratégico de encontro e comércio para os tropeiros que viajavam entre o sertão e o litoral. Devido à sua localização geográfica privilegiada, Feira de Santana se tornou um importante centro de comércio e abastecimento para as regiões circunvizinhas.

Durante os séculos XVIII e XIX, a cidade experimentou um intenso fluxo de tropeiros, que utilizavam Feira de Santana como um ponto de parada para descanso, troca de mercadorias e interação social. Essa atividade contribuiu significativamente para o crescimento econômico e o desenvolvimento cultural da região.

Além do comércio, os tropeiros também influenciaram a culinária e a cultura local, deixando um legado que ainda é visível na região. Feira de Santana preserva essa herança histórica através de eventos, monumentos e tradições que celebram a contribuição dos tropeiros para a formação da identidade local. Mas, em que pese a homenagem um dia feita a este personagem, a praça se encontra atualmente semi abandonada pelo poder público, pedindo socorro mesmo.

Daí que, se eu fosse prefeito, iria remodelar todo equipamento, melhoraria o nível das barracas, limpeza, iluminação pública, água e saneamento e fortaleceria os artistas locais e chamaria mais artistas a fazerem suas programações naquele espaço. Se você ainda não foi ali, recomendo que apareça, e pensemos juntos uma solução inovadora que contribua para a perpetuação da cultura feirense. Que o poder público descubra o potencial turístico da praça, ouça quem ali luta para ganhar a vida. Devemos isso aos ancestrais tropeiros que nos precederam.

 

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