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sábado, 25 outubro, 25
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O Olhar Sem Maquiagem da Notícia: ​Conselheiro despreparado e arrogante: O Impasse entre o Fotojornalismo e a Proteção Infantil na Micareta de Feira de Santana

Por Luiz Tito
​”Escrever com a luz é mostrar a verdade nua e crua, doa a quem doer, porém, com muita responsabilidade e equilíbrio, afinal, uma grande imagem vale mais do que mil palavras. Ela tanto promove, como também poderá derrubar.” É com esta máxima que inicio essa crônica  revivendo maís uma  situação marcante no fotojornalismo. Lembrando que o fotojornalismo abrange a agilidade para capturar o momento exato, a sensibilidade para compor a cena e o olhar apurado para registrar a realidade sem manipulações, servindo como um testemunho visual para a sociedade.

A Tensão no Circuito da Festa em 2012

​Durante a cobertura da Micareta de Feira de Santana em 2012, uma situação de conflito colocou à prova o meu ofício. Ao registrar a ação do Conselho Tutelar no circuito da festa, flagrei a apreensão de um menor que vendia cervejas. Minha sequência de fotos, que buscava evidenciar a atuação de um órgão de vital importância social, foi interrompida de forma abrupta e agressiva por um conselheiro. Aos gritos e com o dedo em riste, o agente tentou me intimidar, alegando que “você não pode fotografar, pois ele é de menor”. Tentei explicar que mais de 20 anos de profissão me davam a experiência e a responsabilidade de não expor a criança, preservando sua imagem, mas o diálogo foi em vão.

A Realidade Ignorada e o Papel da Imagem

O conselheiro, em uma demonstração de despreparo e arrogância, acionou uma guarnição da Polícia Militar e tentou, incansavelmente, convencer o comandante a me conduzir preso. Graças a um intenso diálogo, o impasse foi resolvido e pude retomar meu trabalho. No entanto, o que presenciei naquela e nas noites e madrugadas seguintes no circuito da Micareta foi uma realidade contraditória: menores catando latas, vendendo bebidas, trabalhando em trios elétricos, ou simplesmente dormindo no local, muitas vezes sem a presença ostensiva dos agentes do Conselho Tutelar. O fotojornalismo, ao capturar o momento e contar a história, tinha como função denunciar não a apreensão em si, mas a subsequente ausência do órgão diante da vulnerabilidade infantil generalizada.

Foto: Luiz Tito

 

 

 

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