Por Laizza Carvalho Santos
O colonialismo e a política: um ciclo que parece nunca acabar. Em pleno século XXI, ainda votamos presos a práticas que remontam aos tempos dos currais eleitorais e da compra de votos. O coronelismo, embora tenha mudado de forma, continua impregnado nas relações políticas, com promessas vazias, troca de favores e manipulação dos mais vulneráveis. Esquecemos, no entanto, que somos a força motriz da sociedade – trabalhadores, moradores das periferias, mulheres e, em sua maioria, negros. E mesmo assim, elegemos aqueles que nada têm a ver com nossas pautas, sejam eles prefeitos ou vereadores.
Nos esquecemos de votar em quem nos representa. Professores, por exemplo, não votam em professores; mulheres, frequentemente, não votam em mulheres. Se fosse diferente, talvez teríamos uma representatividade real nas câmaras municipais. Ao contrário, saímos dessas eleições com um sentimento de impotência, percebendo que, na correlação de forças e poder, nos traímos. Elegemos nossos algozes, aqueles que mantêm o status quo e perpetuam a exclusão.
Em Feira de Santana, como em muitas outras cidades do Brasil, ainda temos um longo percurso a percorrer em busca de libertação – não apenas do fundamentalismo religioso, mas também da mentalidade do homem invisível: branco, cis, cristão e heteronormativo. Como diz Nego Bispo: *”Querem que a gente viva numa gaiola que não cabe nossos corpos, nem nossas cabeças, nem nossas almas.”* A sociedade brasileira é muito mais diversa do que essa figura homogênea e retrógrada. A verdadeira mudança só virá quando compreendermos que a política também nos pertence e que nossa força está na união das minorias que, na verdade, são a maioria.