A Quarta-Feira de Cinzas começou com a notícia de que o gás de cozinha vai subir mais uma vez na Bahia. É o segundo reajuste em menos de um mês. Com o aumento, o botijão de 13 quilos vai passar dos R$ 120 em Salvador. Aqui na Feira de Santana, o produto pode ser encontrado por valores que variam entre R$ 102,90 – no dinheiro – e R$ 117,90, no cartão. É o que informa um site especializado na cotação de preços do produto.
Segundo a empresa privada proprietária da Refinaria de Mataripe, a elevação no preço dos combustíveis no mercado mundial e a variação do dólar explicam o novo reajuste. Noutras palavras: embora receba em reais, o brasileiro paga pelo gás de cozinha conforme as oscilações dos preços internacionais. Difícil arranjo mais perverso.
No fim do ano passado o desgoverno de plantão instituiu o vale-gás. O valor é irrisório: R$ 52 pagos a cinco milhões de famílias em vulnerabilidade social. Mirando a reeleição, Jair Bolsonaro, o “mito”, abraçou a iniciativa dos congressistas certamente contando com a reversão da resistência dos mais pobres ao seu nome. Só que o preço do botijão de gás segue avançando, desassombrado.
Parece evidente que a política de preços adotada pela Petrobras a partir do ruinoso governo de Michel Temer (MDB-SP), o mandatário de Tietê, é insustentável. Não são poucas as famílias brasileiras que vivem no sufoco, dispondo de pouco para sobreviver, sobretudo num contexto de crise aguda e prolongada. Pagar cada vez mais pelo botijão de gás é um castigo adicional e injusto. Mas o “mito” está pouco se lixando para as agruras do brasileiro pobre.
Pré-candidato à presidência da República, o ex-presidente Lula (PT) já antecipou que vai rever a política de preços dos combustíveis, caso se eleja. Também já se comprometeu a rever a danosa reforma trabalhista. São duas medidas com apelo, que ecoam pelas ruas. Quem quiser conferir, pode sair pesquisando, indagando à gente da Feira de Santana.
O começo da guerra na Ucrânia sinaliza para o aprofundamento de problemas crônicos que os brasileiros vem enfrentando nos últimos anos, a exemplo da inflação. Esta se soma à economia estagnada, crescendo pouco, próximo de zero. Quais os caminhos para escapar da estagflação – estagnação combinada à inflação – nos próximos anos, resgatando estabilidade de preços, crescimento e desenvolvimento econômico?
Pode até existir vários caminhos, mas nenhum deles passa pela renovação do mandato do “mito” e do seu conluio com o “centrão”. Isso só não enxerga quem não quer.
Por André Pomponet