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Mães de múltiplos relatam rotina de casa cheia e realidade coletiva na Bahia: ‘tudo junto, mas com respeito às individualidades’

Para algumas mulheres, o sonho da maternidade pode ser acompanhado de um susto duplo, as vezes triplo, e até quádruplo. Um reação justa para quem previa um novo membro na família, mas precisa se deparar com mais gente chegando. Especialistas, dizem que casos de gravidez de mais uma criança são raros: a cada mil gestantes, apenas uma consegue engravidar de gêmeos.

A dificuldade é ainda maior para uma gravidez de quádruplos, por exemplo, o que ocorreu com duas baianas. O g1 conversou com mães de múltiplos que falaram sobre suas realidades após o nascimento de quatro filhos em uma mesma gestação, além de terem outras crianças. Polyanna Dourado e Layane Cedraz foram surpreendidas por gravidez inesperadas de quatro crianças de uma vez.

Pollyanna, de 38 anos, tentava engravidar pela segunda vez em 2018. Ela já era mãe de Ludmila, na época com dois anos. No entanto, a esperada segunda gravidez veio com surpresas. No primeiro exame, três crianças foram detectadas, e somente na segunda ultrassonografia, Pollyanna teve a certeza de que esperava quatro bebês.

Polyana precisou de dois exames para descobrir que esperava por quadrigêmeos — Foto: G1/BA

A mudança na vida com a chegada de quatro filhos de uma só vez teve momentos de angustia. “Foi muito difícil mesmo no começo, eu me desesperei. Teve muito choro e as palavras que eu mais repetia eram medo e inseguranças. Eu achava que não ia conseguir sobreviver, mas, graças a Deus, eu tive muitos apoios e muita ajuda, com tudo, leite, fraldas”, contou.

Três anos depois do parto, Júlia, Leonardo, Mateus e Miguel são certeza de casa, ao lado Ludmila e de muita vigilância por parte de Polyanna. Entre particularidades individuais e coletivas, Polyanna destaca as dificuldades da rotina com cinco crianças pequenas dentro de casa. E aponta que ser mãe de múltiplos é se manter em eterna vigília.

“Eles estão com três anos e a mais velha com cinco, então é uma rotina puxada nessa fase. Por exemplo, é quando ficam doentes e vai um passando para o outro. Agora mesmo, estou no segundo mês do ciclo de doenças, aí um passa para o outro”.

Nascidos em 2019, quádruplos de Polyanna vivem na região de Irecê com os pais — Foto: Acervo pessoal

“É preciso muita paciência. Hoje em dia, eles já desfraldaram e já dormem a noite toda, mas ser mãe de múltiplos é isso, é se manter sempre em vigilância”, conta Polyanna.

Polyanna diz que a chegada dos quádruplos trouxe uma mudança total em sua vida, e vê as crianças como uma benção divina.

“Meu pai brinca que a gente dormiu de um jeito e acordou de outro. Porque é isso, a vida muda em todos os sentidos: financeiro, psicológico, em tudo. Mas filho é benção de Deus, e um alegria constante dentro de casa. Com eles, eu posso dizer que não tem tempo ruim”, conta.

“A gente aprende a cada dia com eles. Tem momentos em que é tudo junto, mas também tem momentos onde é preciso individualizar. É tudo junto, mas com respeito às individualidades'”

Ela também destaca a importância da rede de acolhimento que pode contar, com funcionárias e familiares.

“Eu moro em Irecê, e aqui eu tenho duas funcionárias que me ajudam, além de meus pais, a família do meu marido, minha tia. Depois que as meninas que trabalham aqui vão embora, a gente divide as tarefas, eu e meu marido. Acho que essa união e essa cumplicidade de todos os envolvidos é muito importante para nós.

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Apesar dos três anos de experiência no quesito mão de múltiplos, Polyana diz que as maternidades têm suas próprias particularidades, mas para quem pensa em ter casa no futuro, ela diz que o planejamento é fundamental para organizar o dia a dia, além de estar bem consigo mesmo.

“Para quem gosta de casa cheia, é preciso ter organização e praticidade. Uma coisa que eu vejo muito é decidir o que é prioridade. Priorizar certas coisas, inclusive entre eles. Mas também é importante se cuidar, não se esquecer, porque se você não estiver bem com você mesmo, você não consegue conduzir nada”, destaca.

1+ 1+ 4: a vida em comunidade

Layane Cedraz e os quádruplos vivem em Feira de Santana — Foto: Acervo pessoal

A psicóloga Layane Cedraz foi diagnosticada com obstrução de uma trompa e endometriose, que podem impedir uma mulher de engravidar. Após algumas tentativas frustradas, passou por uma fertilização in vitro e, em 2009, deu à luz ao primeiro filho: Rafic.

Quatro anos depois, a baiana repetiu o procedimento e em 2013, engravidou de quadrigêmeos – Yure, Enzo, Ianic e Luigi (três idênticos e um fraterno). Ela implantou dois embriões, mas um deles se dividiu em três. Dois anos depois, Layane ainda descobriu mais uma gravidez, de Melissa, desta vez sem ter feito outros tratamentos.

Portanto, falar sobre Layane e sua prole é falar sobre casa cheia. Atualmente Layane tem 39 anos e seis crianças entre 13 e 6 anos, sendo quatro delas com 9 anos. A psicóloga contou ao g1 que decidiu fazer da ‘casa cheia’, o melhor lugar do mundo para sua comunidade própria.

Layane diz que fez da casa cheia o melhor lugar possível — Foto: Acervo pessoal

“A nossa vida se resume muito a estar em casa, então fazemos da nossa casa o melhor lugar do mundo. Eu não sou muito de lamentar, o que não quer dizer que eu não passe por desafios, só que eu prefiro agradecer, apesar de tudo”, conta.

Layane vive com as seis crianças em Feira de Santana. O pai dos meninos é falecido, e ela diz que moldou a carreira e os afazeres a partir da rotina dos filhos.

“Sempre foi tudo comigo, e hoje em dia a sobrecarga é ainda maior, então eu preciso flexibilizar para atender as necessidades que estão ao meu alcance. Por isso, eu monto os meus horários, a partir dos horários deles. Todos estudam pela manhã, então, no horário em que os levo para escola e que tenha pegar, eu preciso estar sempre livre. Pela tarde, dois fazem atendimentos pedagógicos, então eu também preciso estar à disposição”, diz.

Para ela, ser mãe de múltiplos é uma rotina de amor, casa cheia, mas também de renúncias.

“Nós mães de múltiplos nos flexibilizamos para os muitos, e temos que estarmos sempre alertas. É uma realidade em prol de um coletivo”

“Enquanto comunidade, estamos sempre disponíveis um para o outro. Eu preciso estar sempre supervisionando, mas eu sei, e eles sabem que estamos de suporte um para o outro”, diz Layane.

A psicóloga relembra que durante a pandemia, a casa cheia ajudou a enfrentar os desafios do momento.

Layane Cedraz com os filhos — Foto: Greyce Coli

“Durante a pandemia, estivemos em casa o tempo todo e aí sermos muitos facilitou. Seja para brincar, para brigar, sempre eles tinham um ao outro, então essa questão da solidão que muitas crianças enfrentaram, eu não tive com eles. Tivemos muitas programações, e um fazendo companhia ao outro”, conta.

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Assim como Polyana, Layane também destaca a importância de uma rede de apoio e a convivência familiar. “Meus pais ainda têm vida profissional ativa, mas minha mãe, por morar em Feira, a gente consegue se ver mais, já meu pai, como mora no interior, a gente se fala muito por chamadas de vídeo, mas a cada 15 dias ele está aqui com a gente e passa cinco, seis dias aqui. E no final de semana, agora, a família se reúne, e esse convívio para eles é muito importante”, destaca.

Layane ainda brinca sobre a importância de uma outra rede de apoio. Através de aplicativo de mensagens, ela e outras mães de múltiplos se uniram para compartilhar as peculiaridades da vida com casa cheia. A baiana diz que o grupo é o local onde consegue ver sua realidade ser entendida na prática.

“É o único lugar onde realmente a gente se entende. Uma coisa que a gente fala muito é que mãe não temos outra opção além de dar conta. E no grupo a gente conversa muito sobre como é diferente quando você tem muitos filhos, mas com idades diferentes, de quando você é mãe de muitos da mesma idade”.

Fonte: G1 Bahia

 

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