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domingo, 8 setembro, 24
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José Carlos Zanetti: aprendendo com a Igreja

Tião se impressionava com o trabalho do MOC.

A Igreja Católica era sábia.

Do jeito dela, ia se aproximando do povo, tentando modificar a realidade, e isso numa situação bastante adversa, porque sob uma ditadura feroz, e não tem exagero dizer: assassina.

Sempre relembro Gramsci, a quem impressionava o trabalho da Igreja na Itália, naturalmente em outras condições e circunstâncias.

Sobretudo a natureza disciplinada do trabalho, dirigida por quadros dirigentes da maior qualidade, a quem ele denominava capitães.

Tião ia fazendo o trabalho de militância dele, e observando as atividades do MOC.

Dulce Burgos, estagiando na entidade, lembra:

– A metodologia da FASE era composta de passos: estudo da realidade, interpretação, diagnóstico, hierarquização de problemas e de prioridades, elaboração de planos de ações e avaliação a partir de uma abordagem fundada no diálogo com a população.

O MOC atuava com a comunidade.
Nada de imposições.

Nos projetos, havias um trabalho de motivação, mobilização e identificação de lideranças.
Um trabalho dessa natureza havia de deixar a ditadura à beira de um ataque de nervos.

Incomodava o regime dos generais.

Padre Albertino foi chamado pelos orgãos de repressão a se explicar várias vezes – conta Dulce Burgos.

Afinal, em momento de terror absoluto, reunir a comunidade e discutir causas e efeitos de problemas sócio-políticos, era subversão das mais perigosas segundo o olhar daquele regime.

Foi uma semente, a lançada pelo padre Albertino.
Hoje, e já faz algum tempo, não é mais padre.
Nunca deixou de lado, no entanto, a prática missionária dele.

Foi secretário-executivo do MOC anos a fio.
Mais de meio século de existência da entidade fala por si.

Fala dos efeitos benéficos para a população mais pobre de Feira de Santana e de todo o semiárido.
Fala de uma intensa atividade social.

E inegavelmente de uma profunda atividade política, sem estar ligado a esse ou aquele partido.
Nunca deixando de ter lado – e era o lado do povo mais pobre, o lado do povo trabalhador da cidade e do campo – nesse sentido, tomava partido.

Tião compreendeu o espírito da entidade, ainda embrionário, logo ao chegar a Feira de Santana, cidade em veloz expansão.

Passou dos 130 mil habitantes naquele 1970 para os mais de 620 mil registrados em 2020.

Ação Popular não podia ficar distante de uma cidade como aquela…

#Zanetti

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