Sábado (04) a tarifa do transporte público em Salvador foi reajustada. Passou de R$ 4,40 para R$ 4,90. Vai pesar no bolso do soteropolitano, imerso nas agruras econômicas decorrentes da pandemia da Covid-19. Na justificativa para o aumento, o prefeito Bruno Reis (UB) alegou que, até agora, o Governo Federal não se posicionou sobre um subsídio de R$ 5 bilhões para ajudar as prefeituras e o Governo Estadual recusou-se a cortar o ICMS sobre o óleo diesel, o que contribuiria para atenuar o reajuste.
O que é determinante na crise do transporte público, porém, é a perversa política de preços dos combustíveis, que se reflete também na escalada da inflação de maneira geral. Jair Bolsonaro, o “mito”, vocifera, esperneia, reclama, gesticula, mas é incapaz de mudar a famosa Política de Paridade Internacional – PPI, responsável pela ascensão vertiginosa dos preços. Teme perder o apoio da elite financeira. Daí o estardalhaço para consumo público e a conveniente inércia nos bastidores.
É bom ressaltar que, antes do início da pandemia, Salvador vivia um momento auspicioso em relação ao transporte público, apesar dos percalços decorrentes da persistente estagflação no País. Os investimentos no metrô – que interligou boa parte da Capital – e, mais recentemente, no BRT, que vai somar-se às alternativas modais já existentes, vão viabilizar um salto significativo na mobilidade da população.
Há lugares menos afortunados. A Feira de Santana, por exemplo, padece sob um péssimo sistema de transportes há muito tempo. A pandemia da Covid-19 apenas agravou o que já era muito ruim. O sistema é arcaico, ultrapassado, os veículos são antigos e mal-conservados, as esperas nos pontos e terminais são intermináveis e, piorando tudo, o valor da tarifa é bem elevado para os padrões locais, sobretudo quando se consideram distâncias e qualidade.
Será que por aqui – com todas essas mazelas – também haverá reajuste no valor da passagem? Até agora, não há comentários. Mas é praxe que, após o reajuste em Salvador, o aumento por aqui ganhe o noticiário e, mais à frente, se confirme também. Hoje, a tarifa é de R$ 4,15. Com a escalada inflacionária, na melhor das hipóteses deve saltar para R$ 4,40 ou R$ 4,50. O último reajuste foi em janeiro de 2020, pouco antes do começo da pandemia.
O debate sobre o transporte público na Feira de Santana não deveria se limitar ao valor do reajuste. As mudanças adotadas há cerca de seis anos não melhoraram o sistema, que exige ajustes urgentes. Qualquer consulta à população que sofre nos ônibus – os veículos circulam quase sempre lotados, sobretudo nos horários de pico – confirma a constatação. Chegou o momento do feirense aguardar os próximos capítulos da novela do transporte público que, para variar, não promete um final feliz.
Por André Pomponet
Foto: Luiz Tito