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quinta-feira, 12 dezembro, 24
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Filhas da Terra e do Fogo

Por Laizza Carvalho Santos
inspirada em “Calibã e a Bruxa” de Silvia Federici

Somos filhas da terra,
Do ventre que nutre e sangra,
Mãos que plantam, curam,
E que no silêncio lutam.

Dos campos expropriados,
A vida arrancada à força,
Corpos em brasa, queimados,
Sob o peso de uma nova ordem,
Que nos quer caladas.

Chamaram-nos bruxas, heréticas,
Por dançarmos sob a lua cheia,
Por conhecermos os segredos das folhas
E por falarmos com os ventos.

No fogo nos lançaram,
Para enterrar o que não podiam domar:
A liberdade que brota
Da terra coletiva,
O saber que circula
Nas mãos femininas.

Mas não podem apagar
A chama que resiste,
Que brilha em cada mulher
Que se recusa a ser máquina.

Somos aquelas que renascem,
Das cinzas e da terra roubada,
Com nossas histórias ancestrais,
Com nossos corpos,
Que nunca serão só fábrica,
Mas força de criação e cura.

Hoje, seguimos,
Caminhando em luta,
Contra o aço frio do capital,
Que ainda quer nossos corpos,
Que ainda expropria nossos mundos.

Mas nascemos do fogo
E nele não nos consumimos,
Somos as bruxas que voltam,
As que o capitalismo não venceu.
Laizza Carvalho Santos
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