Por Laizza Carvalho Santos
inspirada em “Calibã e a Bruxa” de Silvia Federici
Somos filhas da terra,
Do ventre que nutre e sangra,
Mãos que plantam, curam,
E que no silêncio lutam.
Dos campos expropriados,
A vida arrancada à força,
Corpos em brasa, queimados,
Sob o peso de uma nova ordem,
Que nos quer caladas.
Chamaram-nos bruxas, heréticas,
Por dançarmos sob a lua cheia,
Por conhecermos os segredos das folhas
E por falarmos com os ventos.
No fogo nos lançaram,
Para enterrar o que não podiam domar:
A liberdade que brota
Da terra coletiva,
O saber que circula
Nas mãos femininas.
Mas não podem apagar
A chama que resiste,
Que brilha em cada mulher
Que se recusa a ser máquina.
Somos aquelas que renascem,
Das cinzas e da terra roubada,
Com nossas histórias ancestrais,
Com nossos corpos,
Que nunca serão só fábrica,
Mas força de criação e cura.
Hoje, seguimos,
Caminhando em luta,
Contra o aço frio do capital,
Que ainda quer nossos corpos,
Que ainda expropria nossos mundos.
Mas nascemos do fogo
E nele não nos consumimos,
Somos as bruxas que voltam,
As que o capitalismo não venceu.
Laizza Carvalho Santos
#PoesiaFeminista #ResistênciaFeminina #CalibãEaBruxa #SilviaFederici #LiteraturaDeLuta #PoesiaContemporânea #EmpoderamentoFeminino #BruxasDaTerra #CulturaPopular #MulheresDeLuta #ForçaFeminina