A missão do repórter fotográfico no seu dia a dia, ao contrário do que muitos imaginam, é uma verdadeira guerra. São ameaças de mortes e surras no intuito de intimidar e tentar evitar que o profissional possa exercer a sua função e revelar situações que estão obscuras aos olhares da sociedade.
Mesmo com todos os obstáculos que são peculiares a função (já passei por incontáveis situações), o prêmio de um fotojornalista é saber que foi através de uma reportagem (texto e fotos) que a pauta em questão tenha sido resolvida.
Reportar através da fotografia é uma missão muitas vezes árdua e que requer perseverança, coragem, equilíbrio, determinação e muita ética.
Escrever com a luz é mostrar a verdade nua e crua, doa a quem doer, porém, com muita responsabilidade e equilíbrio, afinal, uma grande imagem vale mais do que mil palavras. Ela tanto promove, como também poderá derrubar.
Semanalmente o Jornal Digaí Feira publicará situações vivenciadas pelo repórter fotográfico Luiz Tito, durante os seus 30 anos de fotojornalismo.
Conselheiro despreparado e arrogante
Em 2012, durante a cobertura da Micareta de Feira de Santana, ao fazer um registro da ação do Conselho Tutelar no circuito da festa, quase fui agredido fisicamente (verbalmente aconteceu) por um conselheiro.
A situação ocorreu após eu fazer uma sequência de fotos no momento em que um menor foi apreendido por encontra-se no local vendendo cervejas. O agente condutor partiu em minha direção aos gritos e com o dedo direcionado para o meu rosto, dizia incansavelmente, “você não pode fotografar, pois ele é de menor”. Tentei explicá-lo que a reportagem fotográfica visava mostrar para o mundo a atuação desse órgão de vital importância social as nossas crianças, e que, a experiência adquirida ao longo dos mais de 20 anos de profissão, nos permitia saber que não devemos expor menores, mas, a tentativa foi em vão.
Não se contendo, o mesmo acionou uma guarnição da Policia Militar e incansavelmente tentou convencer o comandante da tropa a me conduzir preso. Com muito dialogo consegui resolver o impasse e fui liberado para continuar fazendo meu trabalho. Na mesma noite, em outras noites e madrugadas, o que mais presenciei foi menores catando latas, vendendo cervejas, puxando cordas de trios elétricos, dançando, namorando, dormindo no circuito e pior, sem a presença de homens do Conselho Tutelar.
Fotos e texto: Luiz Tito
Próxima publicação, prisão em Santa Luz
Vem comigo, no caminho te explico