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Em 2022, 33 milhões de brasileiros passam fome no Brasil

A Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede PENSSAN) divulgou no início deste mês, a nova edição do Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar. O documento traz dados ainda mais graves sobre a alimentação dos brasileiros: são 33,1 milhões de pessoas na situação mais grave da insegurança alimentar no nosso país.

Esse retrocesso histórico é causado por um desmonte das políticas de combate à insegurança alimentar no Brasil. De 2004 a 2013, essas políticas reduziram a fome de 9,5% para 4,2% dos lares brasileiros. No final de 2020, o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil mostrou que 19,1 milhões de brasileiros, o equivalente a 9% da população, estavam em situação de fome. Hoje, 15,5% dos lares estão em situação de insegurança alimentar grave e 125,2 milhões de pessoas vivem com algum grau de insegurança alimentar.

“Após dois anos de pandemia, crise econômica e desmonte de políticas voltadas para a segurança e soberania alimentar, o Brasil conseguiu tornar ainda mais agravante o já trágico cenário da fome. Estamos em ano de eleição e é urgente que os candidatos apresentem propostas concretas estruturantes e que coloquem comida saudável no prato do brasileiro”, disse a coordenadora do programa de Alimentação Saudável e Sustentável do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), Janine Coutinho.

Sem feijão na mesa do brasileiro

Graças ao avanço da área plantada do milho e da soja para exportação, temos a menor área plantada de feijão no Brasil dos últimos 40 anos. Desde 1976 não vemos um número tão grave. A queda é de 54% comparado aos 6,1 milhões de hectares em 1981. Infelizmente quem ainda segura a produção do feijão é a própria sociedade, que vê suas opções de alimentação reduzidas e tem como o feijão, a última barreira antes da fome.

O sistema alimentar brasileiro está orientado para a produção de commodities por meio de cadeias longas de abastecimento. Um sistema ancorado em lucro e produtividade, alto impacto ambiental e agravamento da desigualdade social em função da precarização das condições de vida. O Brasil bate recordes de produção. Mas, uma produção orientada para as commodities, que não alimentam nossa população, e sim gera fome.

Sindemia Global

Esse retrocesso mostra também o quanto o Brasil se encontra em situação de vulnerabilidade diante da sindemia global – que é a conexão de três pandemias (obesidade, desnutrição e mudanças climáticas) e– e que afeta a maioria das pessoas em todos os países e regiões do mundo que tem como uma das causas, o atual modelo de produção de alimentos.

Em sua participação no Encontro Nacional Contra a Fome, realizado pela Ação da Cidadania, no Rio de Janeiro, Janine Coutinho, coordenadora do programa de Alimentação do Idec, explicou como os sistemas alimentares não apenas impulsionam as pandemias de obesidade e desnutrição, mas também geram de 25-30% das emissões de gases do efeito estufa (GEEs), sendo que a produção de gado é responsável por mais da metade dessas emissões.

“A forma como os alimentos são produzidos, distribuídos, ofertados e consumidos está levando ao adoecimento da população e do meio ambiente, acelerando os impactos das mudanças climáticas e colocando em risco o direito fundamental a uma alimentação adequada e saudável”, enfatizou Janine. Após o encontro foi elaborada uma carta como forma de contribuir para o debate político sobre o enfrentamento da fome e insegurança alimentar e nutricional.

Foto: Luiz Tito
Praça da Alimentação em Feira de Santana o retrato da fome.

Fonte: IDEC – Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor

Foto: Luiz Tito

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