“Os nossos sonhos estão perdidos, destruídos”, esta foi a frase dita com lágrimas nos olhos de uma refugiada da Ucrânia após conseguir sair de Kiev para se refugiar na Polônia. As consequências da guerra entre Rússia e Ucrânia tem provocado milhares de mortes, tanto física, como emocional e social. O número de mortos é incerto, sendo difícil de ser contabilizado, pois as informações servem como estratégia e jogo de interesse dos líderes políticos.
A desesperança desta mulher é apenas um exemplo dos inúmeros traumas deixados pela guerra. A dor da perda, o desespero de ver um ente querido morrer e não conseguir fazer nada, o abandono da família, a exploração sexual que crianças e mulheres estão sujeitas, são marcas profundas que ficarão por longo tempo, se não receberem ajuda psicológica adequada. De acordo com a ONU, mais dez milhões de pessoas estão precisando de assistência humanitária, incluindo aqueles que foram deslocados dentro da Ucrânia bem como para o exterior.
Como reparar, tratar estas marcas? Estas dores que dilacera a alma, destoem os sonhos, os projetos de vida e o futuro que é de direito para todo ser humano? Quais as garantias que essas vítimas de guerra têm para suas famílias, seu futuro e seu país? São muitas perguntas que nesse momento ainda não estão a ser respondidas com eficiência. A tentativa de reestabelecer a saúde mental, física, psicológica, social estão a ser os principais desafios dos governos, das associações e voluntários que estão a trabalhar para proporcionar uma possível estabilidade.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos garante “que todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. Que ninguém será mantido em escravidão ou servidão, a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas. E ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante”. Isso são diretos, mas quantos estão aquém deles? Não apenas na guerra entre Ucrânia e a Rússia está a ser negligenciado isso, mas em todos os conflitos pelo mundo afora.
A restituição do que foi perdido, a reintegração ao país, e a recuperação de vida estável como outrora, ainda está longe de ser alcançado por estes cidadãos, que hoje se encontram em condição de refugiados, ou ainda vítimas desse massacre dentro do seu país. É possível usufruir da garantia dos direitos humanos, porém, as marcas para muitos ainda ficarão e o pesadelo deste terrível conflito perdurará por muitos anos.
A restituição da vida social é menos complexa, mas o restabelecimento emocional leva mais tempo e demanda trabalho profissional especializado, além da cura da alma, do interior para que emoções sejam ajustadas e restauradas. E nesse sentido, somente Deus, o psicólogo por excelência, pode apagar e curar totalmente o íntimo de cada vítima marcada por esta terrível guerra e de qualquer que seja a situação.
Por Rosiane Donato