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sábado, 8 novembro, 25
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A troca de endereços que ameaça a memória de Feira: A Casa da Cidadania e a Casa do Saber

*Por Professor Carlos Alberto

A sugestão do vereador Pedro Américo para que a Câmara de Vereadores passe a funcionar no local da Biblioteca Municipal Arnold Ferreira da Silva, com a Biblioteca sendo transferida para o prédio do Legislativo, vem causando estranheza e apreensão na sociedade local. Para além de uma simples mudança de endereço, o ato tem consequências simbólicas e práticas que mexem com o patrimônio cultural e institucional de Feira de Santana.

Situada no centro da cidade por décadas, a Biblioteca Municipal é um ícone da cultura e da educação feirense. Aquele espaço recebeu diversas gerações de estudantes, pesquisadores, leitores, e não apenas livros, mas foi também um espaço para se conviver, aprender e construir uma memória coletiva, tornando-se, portanto, em um equipamento que faz parte da cidade e de sua identidade cultural.

A Câmara de Vereadores, por sua vez, desempenha um papel essencial na vida democrática de Feira. O prédio atual, localizado na Avenida Visconde do Rio Branco, foi projetado e construído especificamente para abrigar o Poder Legislativo, sendo inaugurado em 1988.

Ainda segundo informações colhidas, seu desenho arquitetônico, o plenário, os gabinetes e as áreas de atendimento ao público foram concebidos para garantir o funcionamento adequado da instituição e simbolizar a autonomia do poder representativo local. Conhecida como a ‘Casa da Cidadania’, foi pensada para essa finalidade, e não como um espaço adaptado.

Transferir a Câmara para o local da Biblioteca – e vice-versa – seria confundir funções que, embora igualmente públicas, têm naturezas distintas. Além disso, a proposta desconsidera o valor simbólico desses espaços, pois a Biblioteca não é apenas um prédio, é um patrimônio emocional e intelectual da cidade. Já a Câmara não é um lugar de leitura ou lazer, mas de debate político e representação. Mudar seus endereços seria, em última instância, alterar suas identidades.

Se a justificativa for estrutural, a opção mais sensata – que segue como sugestão – é investir na recuperação e modernização de ambos os espaços, preservando suas funções originais. A cidade de Feira de Santana precisa fortalecer suas instituições culturais ao invés de investir em permutas.

Num rápido passeio pelas ruas centrais de Feira de Santana, considerando o objetivo do capital, percebe-se que a cidade já teve boa parte de sua memória urbana apagada. É preciso que não se perca mais – por insensibilidade e/ou ignorância de quem constrói uma cidade – o respeito por sua história e por sua cultura.

Neste caso, que não se permita desrespeito com a história e a memória de dois dos mais importantes marcos feirense: a Casa da Cidadania e a Casa do Saber.

*Carlos Alberto – professor, radialista e mestre de cerimônias

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