Qualquer ser humano ao acessar os espaços públicos de uma cidade, vai observar que as ruas pavimentadas para dar fluidez ao trânsito contrastam com a falta de qualidade das calçadas. Andar nas ruas brasileiras é um desafio que se impõe diariamente. Num país que existe uma “preocupação com os riscos” da viabilidade econômica da previdência social por conta do envelhecimento da população, o mesmo tratamento não é dado quando se trata do direito à cidade.
Se a pessoa idosa circula de automóvel, encontra dificuldades em encontrar vaga para em estacionamentos públicos. As poucas vagas para idosos nos estacionamentos depõem contra o tão decantado progressivo aumento do envelhecimento populacional. Não existe uma métrica, e para tal se impõe a necessidade de uma medida legal que seja proporcional ao número de pessoas acima de 65 anos de idade. Por exemplo, X vagas para cada 1 km de via, sendo que o número de vagas tem de ser proporcional ao número de pessoas da terceira idade. Nunca é demais lembrar que pessoas de idade avançada tem uma tendência a serem crescentes as suas dificuldades de locomoção.
Em segundo lugar o nível de qualidade das calçadas das ruas e avenidas. Nos centros urbanos, o maior deslocamento acontece por conta dos pedestres. Todos somos pedestres! esta frase deve ser norteadora de políticas públicas, pois precisamos fugir da triste ironia de fazermos festa pela inauguração da pavimentação asfáltica da caixa de uma rua contrastando com calçadas irregulares que acabam por colocar em risco a mobilidade urbana das pessoas. Pode parecer estranho, mas mobilidade urbana não se refere apenas aos veículos automotores. No Brasil menos de 5% das calçadas são acessíveis, o que demonstra o descaso dos governantes com a temática. Uma busca pelos projetos de lei nas câmaras de vereadores de cidades com até 800.000 habitantes, no tocante a melhoria da qualidade dos espaços urbanos e se encontra uma constatação, praticamente inexistem projetos para tal.
Num momento em que existe a enorme necessidade de gerar emprego e renda, um programa de melhoria da qualidade da cena urbana faria acontecer a criação de moeda na economia, e ainda por cima iria contribuir para reduzir o índice de doenças ortopédicas causadas pelo mau uso das calçadas. Um passeio sem rampa se torna um
obstáculo a quem tem dificuldades de locomoção e se observa um grande hiato entre as ruas neste país que tenham rampa de acesso. Para que se possa medir a dificuldade, observem, por exemplo, o acesso às farmácias nas cidades, são poucas as que tem rampa e estão dentro das normas da ABNT 9050 que regula os padrões técnicos dos
equipamentos urbanos. Além disso existe todo tipo de obstáculo a mobilidade urbana plena nas calçadas. Desde barracas a automóveis estacionados de forma irregular e até mesmo mesas de bares, obrigando o pedestre a sair da calçada e disputar espaço de forma desigual, com os carros.
Existe todo um trabalho a ser feito e começa pela conscientização das pessoas de que a cidade é um espaço que também lhes pertence.
Fonte: Blog da Feira