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terça-feira, 18 fevereiro, 25
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A invisibilidade dos garis

Por Luiz Tito

Relatos de invisibilidade pública e violência simbólica narra a experiência da jovem Daelma Santos Costa, a Day, estudante do 3º semestre em Perícia de investigação Criminal (Perícia Forense) em uma faculdade particular, e que trabalha de gari em Feira de Santana.

Muito mais do que constatações sobre o tratamento que é devido a essas profissionais por parte da sociedade, essa vivência a cerca de 1 ano e seis meses acaba por transformar para sempre sua forma de ver o mundo e de se relacionar com seus semelhantes. “Somos todos iguais, mas há quem enxergue a gente como se fosse o próprio lixo que coletamos. Mas isso é combustível para eu ir em frente”, desabafa a jovem casada e residente no bairro Tanque da Nação, na Princesa do Sertão.Segundo a servidora pública, que faz a varrição do trecho Beco Miguel das Ervas até a rodoviária, essa invisibilidade do uniforme laranja é vivenciada por ela, de segunda a sábado, das 14hs às 22:20. “Deveriam valorizar esses profissionais que exercem um papel indispensável ao bom funcionamento da cidade, tratando com respeito e dignidade. Mas infelizmente isso não acontece.”

Day relata as barreiras enfrentadas no seu dia a dia de trabalho. Ser gari é um sonho que estou concretizando, não tenho vergonha alguma de exercer essa atividade imprescindível a sociedade, mas existe muita discriminação. “Passam por nós e nem um simples bom dia, boa tarde ou boa noite nos dão. Não deixam a gente usar um banheiro, negam um copo d’água entre outras maneiras de desrespeito a um ser humano. Só Jesus na causa!”

Nós profissionais da limpeza somos colocados às margens da sociedade, invisibilizados nos locais de trabalho, seja em espaços públicos ou privados.

Apaixonada por filmes de suspenses, vestida com seu uniforme amarelo e impecável, perfumada, com vistosos brincos nas orelhas,  com aparelhos nos dentes e um enorme sorriso de quem está de bem com a vida, a jovem que se prepara para no futuro usar métodos científicos e técnicos para investigar crimes, finaliza, “sou apaixonada pela minha atual atividade profissional, mas não vejo a hora de vestir a minha farda pretinha”.

Fotos: Luiz Tito

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