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quinta-feira, 21 novembro, 24
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A Economia está melhorando (?)

Setores da grande mídia tem saudado a melhora na economia brasileira, e afirmando que agora vamos melhorar. O que se pretende neste artigo é desmistificar essa ideia que começa a ganhar corpo nas rodas de conversa, quer sejam virtuais, quer sejam presenciais. Na real, trata-se mais do fim da pandemia do coronavirus do que decisões governamentais de política econômica.

Na ultima quinta feira, o IBGE divulgou o PIB do segundo trimestre e registrou, cravou um avanço positivo de 1,2% sobre o trimestre anterior. Para tanto se utilizou do aumento do consumo das famílias que foi para 2,6%, o avanço dos investimentos em 4,8% e os serviços cresceram1,3%. Ora, isto na verdade atesta que esta retomada foi em decorrência da redução do número de pessoas contaminadas pela covid e isto fez acelerar o crescimento trimestral. Tudo bem que a distribuição do Auxilio Brasil e antecipação do décimo terceiro dos aposentados contribuiu significativamente para esta retomada. Então, vale salientar que o impacto destas e outras medidas distributivas e eleitoreiras devem ativar ainda mais o consumo e a produção, criando uma bolha artificial e inexistente de uma certa melhora alardeada por jornais com Estadao e Folha de São Paulo. Certamente o novo governo deverá ser cobrado de ter herdado uma economia em crescimento, mas vale salientar que este incremento se dá além do impacto das medidas eleitoreiras, em um espaço de comparação no longo prazo, que deixa a economia desnudada, pois se avalia um crescimento em cima de um quase nada. Continuamos crescendo a taxas menores que a média histórica, que deveria ser importante para uma retomada que permitisse a saída da estagnação imposta desde 2014.

O que ocorreu no trimestre passado, foi que as famílias passaram a gastar mais com serviços, que dependem fundamentalmente do contato pessoal, a exemplo de bares e restaurantes e serviços odontológicos, para ficar apenas nestes dois. A partir de dezembro, os aposentados receberão apenas metade do decimo e irão reduzir seu consumo, o Auxilio Brasil deixará de ser pago em R$600 e a vida será amarga no verão.

O novo governo não tem apenas pela frente uma bomba fiscal, pois a politica fiscal esbarra na regra do teto dos gastos e não poderá contar com instrumentos de política monetária, afinal de contas, o Banco Central tem autonomia. Daí que se tem uma autentica bomba social, pois o percentual de famílias endividadas tem uma tendencia de crescer ainda mais, a partir da sensação artificial de melhora da economia. Crescimento Econômico com endividamento das famílias é antecipação de consumo e isto já estamos vivendo em setembro.

O que fazer? Será preciso recompor o endividamento familiar com juros renegociados em condições favoráveis às familias, sim, vamos precisar aumentar a renda das pessoas. Estamos num momento de tirar dinheiro de quem lucrou com a pandemia, a riqueza gerada em cima da morte de 680 mil brasileiros precisa ser devolvida a quem tem fome. Chega de jogar a conta para a classe trabalhadora, esta pagou caro nos últimos anos, pois viu seu direito a aposentadoria ser vilipendiado, teve seus direitos trabalhistas arrancados, viu os sindicatos classistas serem abalados como se todos fossem pelegos, enfim o grande patrão foi o único beneficiado, pois o pequeno teve seus estabelecimentos fechados em boa parte do país. Observem a quantidade de bares e restaurante que reabriram as portas, mas em outros endereços, buscando a redução do custo do aluguel. A redução forçada dos preços dos combustíveis já bate na canela com o aumento do consumo internacional e o desabastecimento já se faz presente. A inflação que deve fechar o ano longe dos dois dígitos vai voltar a pressionar os preços a partir de novembro. O desemprego que vem caindo de 13,7% no trimestre encerrado em julho de 2021, fechou no mesmo período de 2022 com 9,1%, mas devido a melhor desempenho de serviços e indústria de transformação, mas com oferta de menores salários. Esta semana recebemos um card de uma rede hoteleira, demandando um cargo de recepcionista com oferta de salário de R$ 1.613,00. Mas exigindo curso superior completo e inglês avançado. Fiquei com a sensação de que o mercado exige a volta da escravidão. Por outro lado, pipocaram notícias de que os donos de postos estão vendendo gasolina mais barata com o objetivo eleitoreiro de criar uma falsa imagem de melhoria. Este é o preço da retomada do crescimento e, as instituições que deveriam cobrar, assistem passivamente este simulacro de recuperação econômica.

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