Por André Pomponet
Passada a fase das convenções partidárias, começa de fato a campanha eleitoral. O pleito guarda uma peculiaridade. Não há prefeito candidato à reeleição, pois Colbert Martins (MDB) já está em seu segundo mandato. Quem vencer em outubro, portanto, tem chances de permanecer oito anos no poder, caso se reeleja em 2028.
No páreo, sobraram José Ronaldo (União), Zé Neto (PT) e Carlos Medeiros (Novo). Os demais pré-candidatos foram desistindo pelo caminho, o que sempre acontece. Em 2024, no entanto, a turma exagerou: sobraram só três enxutas candidaturas. Competitivos, de fato, só Zé Neto e José Ronaldo, que já foi prefeito quatro vezes.
Mas, afinal, cadê a peculiaridade apontada no primeiro parágrafo? É que, em 2033, a Feira de Santana completa 200 anos de emancipação. Quem se eleger – e, hipoteticamente, se reeleger – levará a cidade quase à data redonda, que costuma ser celebrada com pompa.
A campanha começou com muito papo sobre desenvolvimento, futuro, prosperidade. Quem vencer vai ter trabalho: a Feira de Santana padece com inúmeras carências que costumam ser até incomuns em municípios do mesmo porte.
Os atuais indicadores sociais, econômicos e ambientais não oferecem razões para comemoração, nem ornarão com os 200 anos da Princesa do Sertão. É preciso evoluir muito, mas bases para um futuro melhor podem ser lançadas nesses quase dez anos. Bons resultados, inclusive, podem ser colhidos até lá.
Alguém, sensatamente, pode lembrar que datas redondas são dispensáveis para se labutar por desenvolvimento, por mais qualidade de vida. É verdade. Mas essas ocasiões podem servir como catalisadoras, induzindo mobilizações coletivas. Até aqui, faltando nove anos, não se vê nada do gênero.
Até o momento as propostas dos candidatos para melhorar a vida no município não vieram à tona. Basicamente, ouvem-se os clichês dos marqueteiros. Faltam cerca de 60 dias para o primeiro turno das eleições. Embora curto, o tempo permite um debate – mesmo genérico – sobre as necessidades e os rumos futuros da Feira de Santana.
Infelizmente, porém, nada garante que haverá esse debate. A regra, aliás, são eleições vazias de ideias, de propostas. Esse vazio, a propósito, contribuiu para o cenário atual, com a ampla insatisfação visível pelas ruas…