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Feira de Santana
sábado, 5 outubro, 24
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Discursos mofados no Dia Mundial do Meio Ambiente

André Pomponet*

Ontem foi o Dia Mundial do Meio Ambiente. Data solene, daquelas que acionam discursos automáticos de louvação à natureza. Recentes catástrofes climáticas, porém, estão deixando esses discursos sem nexo. O tempo dos discursos, aliás, ficou para trás. É necessária ação urgente, porque os efeitos da negligência com o meio ambiente chegaram. E não se limitam à tragédia no Rio Grande do Sul, não.

É bom lembrar que o El Niño, que começou ano passado e se estendeu até 2024, foi devastador. Aqui na Feira de Santana a temperatura alcançou patamares impressionantes, sempre beirando – ou ultrapassando – a sensação térmica de 40°. Outubro, novembro e dezembro foram meses de calor desesperador.

Depois do calor, vieram as tempestades. Em poucos minutos caíam volumes impressionantes de água. Ruas e avenidas alagadas, imóveis alagados, construções danificadas, prejuízos consideráveis, – sobretudo para os mais pobres que perderam seus bens – tudo isso levou o município a decretar situação de emergência no começo de 2024.

Depois a temperatura despencou e as chuvas começaram a cair mansas, às vezes uma fina garoa prateada encobrindo a cidade com uma cortina diáfana. Pelo jeito, bastou isso para se abandonar, por aqui, qualquer referência às mudanças climáticas. A catástrofe no Rio Grande do Sul é distante, nem todo mundo consegue enxergar conexão.

Seria bom – neste ano eleitoral – que a Feira de Santana começasse a discutir o que fazer para mitigar os efeitos das mudanças climáticas por aqui. Ampliação de áreas verdes, por exemplo, seria um bom tema. Afinal, há poucas árvores em espaços públicos da zona urbana.

Cuidar das nascentes e das lagoas que restam – muito do que havia foi soterrado pela expansão imobiliária predatória – é outra medida que, com certeza, deveria ser adotada. Há iniciativas complementares, como a educação ambiental e o próprio incentivo oficial a ações de preservação que mereçam estímulo e apoio fora da esfera pública.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, ainda não disponibilizou as informações do Censo 2022 referentes ao meio ambiente em nível municipal. Mas, pelos números de 2010, percebe-se que a situação é desanimadora na Feira de Santana: só 48,3% das vias públicas contavam com arborização; esgotamento sanitário adequado estava à disposição de apenas 59,7% da população; vias públicas urbanizadas, por sua vez, limitavam-se a somente 17,1%.

Alguma coisa melhorou desde então? Talvez. Mas é bom lembrar que tudo o que foi feito até aqui é insuficiente. É necessário pensar – e agir – sobre a questão ambiental com mais assertividade. Inclusive na Feira de Santana.

 

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