Nos dias 19 e 20 de julho, o Ministério da Igualdade Racial realizou no Instituto Anísio Teixeira, em Salvador, o primeiro encontro regional do programa Abre Caminhos, que contou com a presença da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. Segundo o Ministério da Igualdade Racial, o programa tem como objetivo ouvir líderes e comunidades tradicionais de matriz africana e povos de terreiro, a fim de desenvolver políticas de enfrentamento ao racismo religioso que afeta fiéis das religiões afro-brasileiras em todo o país.
O racismo religioso é uma realidade presente em nossa sociedade, prejudicando milhares de pessoas e impedindo o pleno exercício da liberdade de culto e expressão. Para combater essa forma de discriminação, é fundamental discutir o tema em diversos setores, como patrimônio, educação, turismo religioso, saúde e outros, a fim de garantir que o povo de terreiro seja ouvido e que políticas públicas sejam implementadas para protegê-los.
O patrimônio religioso é um importante campo de discussão sobre o racismo religioso, pois muitos terreiros possuem valor histórico-cultural significativo. É essencial reconhecer e preservar esses espaços como parte da nossa história, evitando que sejam alvos de intolerância e negligência. Além disso, é necessário promover a inclusão desses locais nos roteiros turísticos, incentivando a valorização da diversidade religiosa e combatendo a invisibilidade do povo de terreiro.
Na educação, é fundamental abordar o tema do racismo religioso de maneira transversal, integrando-o aos currículos escolares e promovendo o respeito às diferentes religiões. É importante que os estudantes sejam expostos a discussões sobre o racismo religioso desde cedo, de forma a desconstruir estereótipos e preconceitos e promover uma cultura de paz e tolerância.
No turismo religioso, é necessário promover a inclusão e o respeito à diversidade religiosa. Muitos fiéis de religiões de matriz africana são constantemente marginalizados e excluídos dos espaços turísticos, afetando não só a economia, mas também a autoestima e identidade dessas comunidades. Por meio de políticas públicas e sensibilização dos agentes turísticos, é possível tornar esses espaços mais acessíveis e livres de discriminação.
A saúde também é uma área que necessita debater o racismo religioso de forma integral. Muitas vezes, pacientes de religiões de matriz africana não recebem o devido respeito e compreensão de suas crenças e práticas, o que pode interferir negativamente na relação médico-paciente e até comprometer o tratamento adequado. É indispensável que os profissionais de saúde estejam preparados para lidar com a pluralidade religiosa e garantir um atendimento igualitário e respeitoso a todos.
Para que essas discussões sejam efetivas, é fundamental que o povo de terreiro seja ouvido e participativo na formulação de políticas públicas que os beneficiem. A escuta ativa dessas comunidades é essencial para compreender suas demandas específicas e construir soluções coletivas baseadas no respeito à diversidade religiosa.
Em suma, discutir o racismo religioso em vários setores temáticos é de extrema importância para combater essa forma de discriminação e garantir o pleno exercício da liberdade religiosa. Por meio de ações nos campos do patrimônio, educação, turismo religioso, saúde e outros, podemos promover uma sociedade inclusiva, justa e respeitosa com as diversas religiões existentes em nosso país.
Ekedy Laizza Carvalho (Oya Toji) representante do Ile ase Ojo Igbi Ala, de Feira de Santana.