Uma das mais sérias observações feitas hoje refere-se à perda da alegria de viver. A tristeza parece ser um veneno que dificulta e até mata a convivência humana. Por que andamos assim, tão sérios, com rostos fechados, de mau humor, nervosos e criticando a todos? O que nos rouba a alegria de viver?
“O GRANDE risco do mundo atual, com sua múltipla e avassaladora oferta de consumo, é a tristeza que brota do coração egoísta e da busca desordenada de prazeres superficiais. Muitos caem neles, transformando-se em pessoas ressentidas, queixosas e sem vida”. (Papa Francisco). Ser uma pessoa alegre ou ter apenas alegrias, é o que faz a diferença.
CADA UM de nós projeta luz ou sombras no ambiente. Cada um de nós é uma manhã ensolarada ou um dia cheio de nuvens. Carregamos o bom ou o mau tempo dentro de nós. Um ditado popular afirma: O coração é teu, pode chorar, mas o rosto é dos outros, você deve sorrir. Infelizmente, até em ambientes cristãos, encontramos mais profetas da amargura do que apóstolos da alegria.
TEMOS o sagrado direito da alegria! Essa é o reflexo de uma vida rica de sentido, de poder andar em caminhos de honestidade, justiça e paz. É a alegria de sentir-se solidário na aventura da vida. Essa é a alegria que o mundo não pode roubar. Para cultivá-la e garanti-la necessitamos de uma luta paciente e perseverante, pois as ofertas de alegrias passageiras invadem nossa vida e querem se tornar agentes de uma alegria imediata e fulgaz.
SÃO PAULO recomenda: “Alegrai-vos sempre no Senhor! Repito, alegrai-vos!” (Fl 4,4). É evidente, que nem todos os momentos são confortáveis, mesmo assim, é possível continuar alegres. O cristão não se detém na tristeza da Sexta Feira Santa, mas na alegria da Ressurreição de Jesus. “Aquele que crê não deve viver com cara de quaresma”. (Papa Francisco). Paulo se dá o direito de dizer que é possível cultivar sempre a alegria quando acolhemos Jesus em nossa vida e seguimos seus passos.
ENCONTRAR Cristo é o mesmo que encontrar o verdadeiro mestre da alegria. O Sermão da Montanha abre-se com a solene proclamação da alegria dos pobres, dos pacientes, dos aflitos, dos que tem fome e sede de justiça, dos misericordiosos, dos puros de coração, dos perseguidos por causa da justiça e dos que promovem a paz.
Dom Itamar Vian
Arcebispo Emérito